Indulto de Natal 2025 reacende críticas sobre política penal e limites do perdão presidencial

A assinatura do Indulto de Natal de 2025 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a provocar debate sobre o alcance e os impactos do perdão presidencial no sistema penal brasileiro.

Postado em 23/12/2025
Indulto de Natal 2025 reacende críticas sobre política penal e limites do perdão presidencial
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Por Síbylle MachadoComercial

 Embora o decreto traga exclusões expressas para crimes contra o Estado Democrático de Direito, delitos hediondos, violência contra a mulher, tráfico de drogas e atuação em facções criminosas, críticos apontam que a medida ainda fragiliza o caráter punitivo da Justiça e pode gerar sensação de impunidade.

O texto, publicado no Diário Oficial da União, amplia a lista de beneficiários em situações consideradas humanitárias, como presos com doenças graves, pessoas com deficiência, idosos e mulheres responsáveis por filhos. No entanto, especialistas em segurança pública avaliam que a reiterada edição anual de indultos, mesmo com critérios técnicos, dificulta a previsibilidade das penas e enfraquece o efeito pedagógico das condenações.

Outro ponto sensível é a possibilidade de perdão ou redução de pena para condenados por crimes com violência ou grave ameaça, desde que dentro de limites de tempo e reincidência. Para críticos, esse dispositivo abre margem para interpretações amplas e decisões judiciais controversas, aumentando a judicialização do tema.

 

Apesar das ressalvas, o governo defende que o decreto respeita a Constituição e atende recomendações internacionais de direitos humanos, além de reconhecer a incapacidade estrutural do sistema prisional em lidar com presos em condições de saúde complexas. Ainda assim, o indulto volta a dividir opiniões entre juristas, operadores da segurança e a sociedade, reacendendo o debate sobre até que ponto o perdão estatal contribui para a ressocialização ou compromete a credibilidade do sistema penal.