UFU anuncia corte em contratos terceirizados e prevê dívida milionária ao fim de 2025

O reitor lamentou o corte em contratos terceirizados, mas disse que a medida é necessária. Com um orçamento de R$ 137 milhões para 2025, Carlos Henrique diz que em 2016 o orçamento era maior; 22 contratos da universidade sofrerão reduções entre 25% e 30%

Postado em 08/04/2025
UFU anuncia corte em contratos terceirizados e prevê dívida milionária ao fim de 2025
Manoel Neto/TV Paranaíba
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Por Síbylle MachadoComercial

O corte em contratos terceirizados e uma dívida milionária foram alguns dos motivos que levaram o reitor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Carlos Henrique de Carvalho, a classificar a situação financeira da instituição como “dramática”. Em uma coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (28), a reitoria apresentou as dificuldades enfrentadas pela instituição e as medidas que serão adotadas para equilibrar as contas. Com um orçamento de R$ 137 milhões para 2025, o reitor da universidade, Carlos Henrique de Carvalho, destacou que o valor está abaixo do orçamento de nove anos atrás. “O valor é inferior ao recebido em 2016, que foi da ordem de R$ 158 milhões. Se corrigíssemos esse orçamento pelo IPCA, o valor equivaleria, hoje, aproximadamente, a R$ 236 milhões”, explicou. Corte em contratos terceirizados da UFU

Diante do orçamento reduzido, o reitor anunciou algumas medidas para garantir o controle financeiro da universidade em 2025. Entre elas:

             Articulação política com os governos federal, estadual e municipal;

             Negociação de dívidas com credores;

             Redução de 25% nos contratos da UFU.

Ao todo, 22 contratos da universidade sofrerão reduções entre 25% e 30%, enquanto os demais não poderão ter aumento nos gastos no decorrer deste ano.

Sem detalhar quantos funcionários terceirizados serão desligados e quais setores serão afetados, o reitor informou que a redução nos contratos pode comprometer serviços essenciais da instituição. “Essa redução impacta diversos segmentos, em especial o quadro de trabalhadores terceiros, muitos dos quais ocupam funções extintas pelo Governo Federal. Infelizmente, isso acarretará uma redução significativa de postos de trabalho e poderá comprometer ou suspender parte dos serviços prestados. Não haverá, neste momento, cortes em bolsas estudantis”, afirmou. O reitor atribuiu o agravamento da crise financeira à PEC do Teto de Gastos Públicos, promulgada em 2016, que limita os investimentos públicos por 20 anos. “Seus efeitos já foram sentidos no orçamento da UFU desde 2017. Desde então, o subfinanciamento da educação superior no Brasil tornou-se uma realidade. A UFU não está imune a essa conjuntura”, informou. Além da redução dos repasses federais, a UFU enfrenta uma dívida acumulada de mais de R$ 27 milhões, agravando ainda mais a crise. Um dos principais débitos é com a Cemig, que está sendo negociado diretamente com a companhia mineira. Previsão de dívida milionária

O pró-reitor de Planejamento e Administração, Vinícius Fávaro, também em entrevista coletiva, alertou que o decreto federal número 12.416, assinado em 21 de março/2025, alterou o modelo de repasse dos recursos para as universidades federais. Agora, o orçamento será dividido em 18 parcelas, e não em 12, como era feito anteriormente.

Com essa mudança, a UFU deixará de receber mais de R$ 5 milhões por mês a partir de maio. “Isso, pelo decreto, como está hoje, segue até novembro, quando o governo liberaria todo o orçamento. Apesar disso, o decreto prevê uma nova avaliação no mês de maio, então pode ser que algo se altere”, explicou Fávaro.

Confira os principais números da situação financeira da UFU, considerando a dívida de 2024 e os gastos previstos para 2025:

             Déficit acumulado de 2024: R$ 27,3 milhões

             Despesa mensal estimada para 2025: R$ 10,2 milhões

             Despesas totais previstas para 2025: R$ 158,3 milhões

Fávaro avalia que, caso nada seja feito, a universidade terá uma dívida milionária ao fim do ano. “Como nós temos pouco mais de R$ 100 milhões para o orçamento neste ano, isso implica em uma dívida, ao final do ano, se nada for feito, de R$ 50 milhões “, concluiu.

 

Fonte: paranaibamais